“Apanhadoras e apanhadores de flores sempre-vivas”
Queremos a Serra sempre, sempre viva!
“Nós, apanhadoras e apanhadores de flores sempre-vivas, somos povos tradicionais e vivemos na porção meridional da Serra do Espinhaço. Cada lugar da Serra do Espinhaço tem um valor sentimental e uma história a contar.
Temos como principal atividade a tradicional panha das flores sempre-vivas (uma tradição com mais de 100 anos), que representa a nossa fonte de renda essencial para a reprodução sociocultural e nossa identidade de povo tradicional.
Somos os detentores dos saberes e práticas sustentáveis de produção agrícola com o uso das roças de toco para reposição natural da fertilidade do solo”.
Protocolo Comunitário de Consulta Prévia, Apanhadoras de Flores de Macacos, Pé de Serra e Lavras, 2019.
As flores sempre-vivas ocorrem, predominantemente, nos campos abertos, para fins de ornamentação e comercialização. Até o momento, foram identificadas 350 espécies nativas ornamentais, algumas raras e ameaçadas, parte delas endêmicas (só existe neste lugar do mundo), localizadas em diferentes ambientes e altitudes, que depois de colhidas e secas, conservam sua forma e coloração. Utilizada na produção de arranjos decorativos, as sempre-vivas fazem parte do mercado de flores ornamentais da região do Espinhaço, em 15 municípios no Vale do Jequitinhonha (nordeste do estado), Central e Norte de Minas, desde 1930.
Em março de 2020, o Sistema de Agricultura Tradicional da Serra do Espinhaço (MG) das apanhadoras de flores sempre-vivas recebeu o reconhecimento internacional pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO); e em 2023, tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.
“Fazemos a panha da flor porque é parte da nossa existência e do nosso modo de vida, além de ser nossa fonte de renda, sempre respeitando a preservação do meio ambiente, a preservação das águas, das plantas nativas, das medicinais, ornamentais, alimentares, e do ambiente como um todo, pois nossos modos de fazer, viver e produzir são sustentáveis há gerações. A panha também é a manutenção das nossas tradições, costumes e da nossa identidade”.
AQUELA FLORZINHA BRANCA
Sabe por que eu gosto tanto de flores?
Por que tenho certeza de que Deus também
se apaixonou por elas.
Posso até imaginar Deus fazendo esse lindo
jardim, um campo de sempre vivas
e pedindo por favor, cuide bem dele prá mim!
Geralda Maria Soares Silva Comunidade de Macacos - Diamantina-MG
Ameaças
Mineração, monocultura de eucalipto e pinus, grilagem de terras, pressão de fazendeiros, uso excessivo de agrotóxicos, queimadas descontroladas, desmatamento, biopirataria, entre outras ameaças.
Fonte:
Protocolo Comunitário de Consulta Prévia, Apanhadoras de Flores de Macacos, Pé de Serra e Lavras, 2019.