Vamos nos aventurar no coração do gigante das águas do Brasil
A espécie humana surgiu em paisagens de savana na África e andou pelo mundo até chegar no Planalto Central do Brasil há pelo menos uns 13 mil anos antes do presente. A última glaciação fez com que o Cerrado avançasse até quase o meio da Amazônia, graças ao clima mais seco e frio, levando a floresta a ter hoje “ilhas” de savana.
Savana Tropical
O Cerrado é a savana mais rica em biodiversidade
OLHE, PRESTE ATENÇÃO!
Onde está a savana mais biodiversa do planeta Terra?
Está no Brasil. A savana brasileira é o Cerrado que encontra-se nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Inclui a parte sul e leste de Mato Grosso, oeste da Bahia, oeste e norte de Minas Gerais, sul e leste do Maranhão, grande parte do Piauí e prolonga-se, em forma de corredor, até Rondônia e, de forma disjunta nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e ao sul, em pequenas “ilhas” no Paraná e no centro-norte de São Paulo.
O Cerrado é uma colcha de retalhos!
Muita gente não sabe que vegetação predominante é a savana ou Cerrado sensu stricto, seguidamente intercalado por campos e florestas. É isso mesmo! O Cerrado possui formações savânicas, caracterizadas pela presença de árvores e de arbustos esparsos com gramíneas; formações campestres, caracterizadas pelo predomínio de plantas herbáceas e gramíneas, enquanto que as formações florestais - Mata Seca, Mata de Galeria, Mata Ciliar e Cerradão - são caracterizadas pelo predomínio de árvores com formação de dossel, ou seja, uma cobertura formada pelas copas das árvores, que compõem o estrato superior da floresta.
Fonte: SENAR CNA; EMBRAPA, 2017.
No Cerrado, o estrato rasteiro da vegetação é mais importante do que as árvores; para cada espécie de árvore, há seis espécies de plantas que não são árvore. Existem um total de 15.800 espécies nativas no domínio do Cerrado (Flora do Brasil Online). Os capins são fundamentais para o funcionamento dos ecossistemas, porque são eles que alimentam o fogo que é essencial para manter as fisionomias abertas do Cerrado e para estimular a reprodução das plantas.
Nem todas as árvores do Cerrado são tortas,
Olhe os buritis e as buritiranas nas veredas,
As matas ciliares que ocorrem nas cabeceiras dos pequenos córregos e rios
As florestas secas entre os rios.
O Cerrado é uma grande farmácia!
Arroz com pequi é bom demais!!! Mas o pequi também é remédio porque possui propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e antioxidantes. É utilizado no tratamento de doenças respiratórias, problemas digestivos e inflamações.
Comer o Cerrado é bom demais!
Estima-se que o Cerrado abriga cerca de 1.000 espécies potencialmente consumidas por seres humanos e quase 4000 espécies de plantas, distribuídas em 400 gêneros, produzem frutos atrativos para a fauna.
“A gente tem uma ligação de vida com o cerrado. Para nós, ele está totalmente relacionado à água. Por conviver dentro do rio Araguaia, num território tão rico de água, a gente não tem como não reconhecer que essa é uma relação totalmente de pertencimento ao cerrado, de respeitar as águas, de saber que nossos ancestrais e nossos encantados permanecem ali…”
Fátima Barros, de 46 anos, quilombola, Ilha de São Vicente, em Araguatins (TO).
Você sabia que 3.427 mil rios nascem no Cerrado e chegam ao bioma Amazônia?
Não dá para conservar a Amazônia sem conservar o Cerrado, e vice-versa; os dois biomas são interdependentes.
O Cerrado é berço das águas
Oito das doze principais regiões hidrográficas do Brasil têm nascentes no Cerrado: Amazônica (rios Xingu, Madeira e Trom betas); Tocantins-Araguaia (rios Araguaia e Tocantins); Atlântico Nordeste Oriental (Rio Itapecuru); Parnaíba (rios Parnaíba, Poti e Longá); São Francisco (rios São Francisco, Pará, Paraopeba, das Velhas, Jequitaí, Paraca tu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande); Atlântico Leste (rios Pardo e Jequitinhonha); Paraná (rios Paranaíba, Grande, Sucuriú, Verde e Pardo); e Paraguai (rios Cuiabá, São Lourenço, Taquari e Aquidauana). A Bacia do São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e escoa até o Oceano Atlântico, abastecendo áreas do Semiárido brasileiro.
O Cerrado é a cumeeira da América do Sul!!!
Como a cumeeira de uma casa, onde as águas do telhado se encontram, formando um ângulo, o Cerrado se assemelha a uma cumeeira devido a sua posição geográfica no centro do Brasil e a altitude que facilita o escoamento das águas para as grandes bacias hidrográficas da América do Sul.
As áreas úmidas do Cerrado funcionam como esponjas, retendo a água que caiu durante a estação chuvosa e liberando essa água lentamente durante vários meses de estiagem, garantindo assim as nascentes perenes no bima.
Mapa: Rodolfo Almeida / Ambiental Media
Cerrado, caixa d’água do Brasil!!!
Sua maior riqueza está naquilo que não vemos, debaixo do solo, ÁGUA.
O Cerrado alberga três grandes aquíferos (reservatórios de águas subterrâneas) - Guarani, Bambuí e Urucuia - formados durante milhões de anos; suas rochas porosas e permeáveis conseguem armazenar água e são fundamentais para o fluxo dos rios. A riqueza de água no Cerrado reflete em uma abundância de nascentes de água cristalina, rios, riachos e veredas. Cerca de 40% de toda a água doce que abastece o Brasil sai do Cerrado, como a água que sai na torneira da sua casa.
Cerrado é Água
É um mito de que o Cerrado é seco, na época chuvosa temos praticamente 1.500 mm, isso é muito nos seis meses na época chuvosa. Depois, a chuva é praticamente zero no bioma entre os meses de maio a setembro, mas é na seca que o Cerrado tem mais frutas; tem a rebrota das gramíneas; acontece a revoada de insetos (mariposas e tanajuras) que é comida para os mamíferos insetívoros.
O Cerrado é uma floresta invertida que ajuda a equilibrar o clima do planeta
O Cerrado é uma floresta de cabeça para baixo porque suas árvores tem muito mais raiz do que copa. Além disso, cerca de 70% da biomassa do Cerrado é subterrânea, os reservatórios de carbono que abriga no solo contribuem imensamente para balizar a concentração de CO² na atmosfera. Como passam por uma longa estação seca a cada ano, as árvores do Cerrado se adaptaram, crescendo para baixo, em vez de para cima, em busca de água.
Você já parou para pensar, como é possível que os ipês floresçam justamente na estação seca?
As árvores do Cerrado suportam ficar sem água durante seis meses porque possuem raízes muito longas e ramificadas, podendo chegar até 20 metros, o que permite entrar muitos metros abaixo do solo para acessar as camadas mais úmidas e próximas do lençol freático, isso é incrível!
É fogo, é fogo no Cerrado!
O fogo é um fator de manutenção da diversidade nas savanas tropicais do planeta. O fogo é sempre bom no Cerrado quando ocorre naturalmente ou quando é manejado com sabedoria como no caso dos campos de flores sempre-vivas que têm a rebrota fortalecida pelo manejo do fogo feito a partir de saberes tradicionais.
Vale lembrar que a flora do Cerrado evoluiu junto com as queimadas naturais e, assim, ao longo dos milênios se adaptou a essa condição ambiental; por isso muitas plantas possuem estruturas subterrâneas robustas que garantem a capacidade de rebrotar inúmeras vezes após a queima; a paisagem cinza virá um verdadeiro jardim que atrai animais herbívoros em busca de forragem nova ou até carnívoros em busca de insetos e répteis atingidos pelo fogo. Com o ressurgimento das flores, surge também um banquete de néctar e pólen para muitos insetos. A ação de polinizadores leva à produção de frutos e sementes que servem de alimento para muitos outros animais. E, assim, a fauna que tinha fugido do incêndio vai gradativamente retornando, atraída pela disponibilidade de alimento. Tudo está interconectado no Cerrado!
ATENÇÃO!!! Incêndios em grandes proporções, com muita frequência ou que aconteçam em qualquer época do ano podem trazer consequências drásticas para o Cerrado com a perda na biodiversidade, o que prejudica a fauna e a flora; todo cuidado é pouco!
O Cerrado é resiliência a céu aberto
São muitas ameaças que o Cerrado enfrenta de norte a sul do Brasil:
Invasão de gramíneas africanas e pinus;
Captação excessiva de água para a irrigação ou a silvicultura de eucalipto em extensas porções de uma bacia hidrográfica;
Concentração de 80% do total de pivôs centrais utilizados para irrigação no Brasil;
Rebaixamento do nível dos corpos d’água subterrâneos devido a perfuração de poços artesianos em maior profundidade;
Expansão do desmatamento para novas áreas com vegetação nativa remanescente no bioma para abertura de produção de grãos, como soja e milho
Uso excessivo de agrotóxicos utilizados em monoculturas;
Elevação nas temperaturas médias e diminuição das chuvas, intensificando os períodos de seca;
Diminuição da vazão e morte dos rios;
Percepção equivocada de que as florestas são mais belas ou mais importantes do que os campos e as savanas.
Injustiça ambiental com povos e comunidades tradicionais no Cerrado
Vamos salvar a galinha dos ovos de ouro do Brasil, o Cerrado!
Pra termos água na América do Sul, precisamos parar de destruir o Cerrado e restaurar o que foi perdido. Manter a diversidade de fisionomias, assim como, seus guardiões e guardiãs, os povos indígenas e as comunidades tradicionais, é urgente! Abraçamos o Cerrado, patrimônio natural, biótico e cultural, por amor a toda sua beleza e importância socioambiental no Brasil.
É FOGO, É FOGO NO CERRADO!
O Cerrado é resiliência a céu aberto
Vamos salvar a galinha dos ovos de ouro do Brasil, o Cerrado!
ATENÇÃO!
Incêndios em grandes proporções, com muita frequência ou que aconteçam em qualquer época do ano podem trazer consequências drásticas para o Cerrado, com a perda da biodiversidade, prejudicando a fauna e a flora. Todo cuidado é pouco!
O fogo é um fator essencial para a manutenção da diversidade nas savanas tropicais do planeta. No Cerrado, o fogo pode ser benéfico quando ocorre naturalmente ou é manejado com sabedoria, como no caso dos campos de flores sempre-vivas, cuja rebrota é fortalecida pelos saberes tradicionais.
A flora do Cerrado evoluiu em convivência com as queimadas naturais e, ao longo dos milênios, adaptou-se a essa condição. Muitas plantas possuem estruturas subterrâneas robustas que garantem sua capacidade de rebrotar diversas vezes após o fogo. A paisagem cinza se transforma em um jardim vibrante, atraindo animais herbívoros em busca de forragem nova, e carnívoros em busca de insetos e répteis.
Com o retorno das flores, surge também um banquete de néctar e pólen para muitos insetos. A ação dos polinizadores leva à produção de frutos e sementes, que alimentam inúmeros outros animais. Assim, a fauna que havia fugido retorna gradualmente, atraída pela nova oferta de alimento. Tudo está interligado no Cerrado!
Para termos água na América do Sul, precisamos parar de destruir o Cerrado e restaurar o que foi perdido. Manter a diversidade de paisagens, assim como seus guardiões e guardiãs — os povos indígenas e as comunidades tradicionais — é urgente! Devemos abraçar o Cerrado, patrimônio natural, biológico e cultural, por amor a toda sua beleza e importância socioambiental no Brasil.
Ameaças ao Cerrado
- Invasão de gramíneas africanas e pinus;
- Captação excessiva de água para irrigação e silvicultura de eucalipto em grandes áreas;
- Concentração de 80% dos pivôs centrais de irrigação do Brasil;
- Rebaixamento de aquíferos por perfuração de poços profundos;
- Avanço do desmatamento para monoculturas de soja e milho;
- Uso excessivo de agrotóxicos;
- Elevação das temperaturas médias e redução das chuvas, intensificando a seca;
- Redução da vazão e morte dos rios;
- Percepção equivocada de que florestas são mais valiosas que campos e savanas;
- Injustiça ambiental com povos e comunidades tradicionais do Cerrado.
São muitas ameaças que o Cerrado enfrenta, de norte a sul do Brasil.
Realização e Fomento: Instituto Arvoredo
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