Ribeirinhos: terra e água
Comunidades Ribeirinhas
“Nós, ribeirinhos/as, não sabemos viver sem as águas do rio” Sueli Pereira dos Santos, Comunidade Sítio de Cima, no município de São Desidério, Bahia
As comunidades ribeirinhas são aquelas que tem um modo de vida às margens dos rios, fonte inesgotável de memórias, saberes, práticas, técnicas, habilidades, oralidades, experiências, caminhos, afetos e mundos.
Embora essa categoria seja mais comumente pensada no contexto amazônico, na região Bico do Papagaio, área de transição entre Cerrado e a Amazônia, moram as mulheres ribeirinhas nos municípios de Axixá do Tocantins e São Miguel do Tocantins, áreas de cerrado, que tem o rio Tocantins para a pesca como forma de sobrevivência que junto com a ocorrência dos babaçuais produzem o coco babaçu para complementar a carência de alimentos e/ou a renda como um dos principais “suportes”.
Outros ribeirinhos do Cerrado estão no Vale do Alto-Médio São Francisco, também chamados de barranqueiros. As comunidades de ribeirinhos que estão no baixo curso do rio de Ondas no município de Barreiras na Bahia são conhecidos na região como beiradeiros.
Também existem as comunidades Barra da Lagoa e Chupé 1 e 2 no Território Chupé, no município de Santa Filomena no Piauí que se autoidentificam como ribeirinhos/brejeiros que historicamente ocupam as margens do Riozinho há pelo menos 150 anos, onde desenvolveram um modo de vida profundamente integrado ao rio e aos brejos da região.
Para compreender o ribeirinho, é preciso ir além do lugar que ele habita a margem do rio, pois é aquele que respeita o rio, tendo a natureza como riqueza natural e cultural, individual e coletiva, de uso material e imaterial, ou seja, as questões cotidianas, a territorialidade e a temporalidade das comunidades são determinadas fortemente pela natureza e seus ciclos.
As comunidades ribeirinhas estão integradas entre a vida social e os ciclos dos rios. A dinâmica das águas regula as formas de alimentação, meio de transporte, sustento, lazer, práticas religiosas, interação social, trabalho, conexão com a natureza.
A relação do ribeirinho com rio se constitui numa relação afetiva, é o lócus da vida, contribuindo assim para a formação de sua identidade territorial, tendo o rio como referência identitária coletiva.